sexta-feira, 27 de maio de 2011

COMO EU VEJO AS PERSONAGENS... (3)

COMO EU VEJO
ELIZABETH BANKRUPT


Pelas informações que Agatha Christie (a autora que está escrevendo a peça que vemos no palco), nos fornece podemos deduzir que Elizabeth Bankrupt é uma mulher de 60 e poucos anos, muito elegante, ultrapassando o limite da ostentação, com roupas finas, muitas jóias, peles, maquiagem exagerada e que usa chapéus e sapatos exóticos.
Viúva de George Worchesther há muitos anos, Elizabeth é uma mulher denodada. Sua arrogância e soberba são permanentes em seu comportamento. Trata a todos aos que julga “inferiores” com total falta de consideração e de respeito, ao contrário da maneira como trata aqueles a quem ela considera “pessoas importantes” e “as bem colocadas na sociedade”, para as quais Elizabeth Bankrupt esbalda-se em elogios e sorrisos sempre visando conquistar benesses, empréstimos, favores, cargos, etc...
Em resumo, uma mulher fútil, frívola e preconceituosa. Considera-se integrante de uma elite social e por isso merecedora de privilégios e regalias dessa casta superior da sociedade.
Elizabeth vem de uma família aristocrática da cidade de Cardiff no País de Gales, situado no norte da Ilha da Grã-Bretanha. Filha de um importante banqueiro e uma conceituada artista plástica Elizabeth recebeu uma educação sofisticada nos melhores colégios da Europa.
A relação com a sua família, especialmente com seu pai, sempre foi difícil. Os dois discutiam muitas vezes e o velho Mr. Jonh Bankrupt a considerava perdulária.
Sua mãe, Maureen Lyghan, era a típica “artista” da alta sociedade. Pintava quadros com cores excêntricas, usava figurinos exóticos como os das divas do cinema e fazia cursos de arte por todo o velho continente, com os mais famosos pintores e, como ela atualmente, Maureen Lyghan considerava-se uma mulher de “extremo bom gosto” e freqüentava as mais altas rodas da sociedade. Ambas, mãe e filha, sofreram crises profundas de depressão. Numa dessas crises, talvez impulsionada pelo ópio, um vício que Maureen adquiriu em suas viagens ao Oriente, ela suicidou deixando um trauma profundo para Elizabeth.
A partir da morte da mãe Elizabeth tornou-se uma mulher mais amarga.
Ela conheceu George Worchesther num cruzeiro pelas ilhas gregas e os dois, muito jovens ainda, aproveitaram, a seu modo, a vida. Viajaram muito, sempre cercados de muito luxo. Freqüentaram jantares em mansões de poderosos, cassinos, grandes concertos das grandes sinfônicas e esbanjaram muito dinheiro adquirindo obras de arte, roupas de grife, bebidas exóticas, etc...
George Worchesther, um “bon vivant” e Elizabeth formavam um casal avançado para sua época e o velho Mr. Jonh Bankrupt, pai de Elizabeth os considerava depravados e fúteis. Por isso, deserdou a filha e não mantinha mais suas extravagâncias. Ela processou seu próprio pai e conseguiu na justiça receber sua parte na herança quando o pai faleceu e continuou sua vida de viagens e jantares, com a mesma opulência ao lado de George até a morte dele.
Depois de viúva, Elizabeth teve alguns – muitos – rápidos romances com rapazes bem mais novos que ela, a quem sustentou e presenteou com objetos de valor em troca de carinho e sexo. Desfilar com esses rapazes, que mais parecem ser seus filhos ou sobrinhos, pelos museus, cafés e boulevards parisienses é uma das atividades prediletas de Elizabeth.
Seu interesse pela família Worchesther é inexistente, ou melhor, só lhe interessam os bens da partilha da herança de Harold que a fizeram vir até ali debaixo de uma nevasca intensa.
Com o seu cunhado Coronel Franklin ela manteve sempre uma relação complicada, cheia de confrontos. Os dois conviveram quando Franklin esteve a serviço do exército britânico na cidade de Cardiff no País de Gales, onde Elizabeth residia. Ali, então, durante certo período, de três anos aproximadamente, os dois casais (Elizabeth e George / Franklin e Madeleine, sua esposa) costumavam encontra-se em reuniões do clube dos oficiais, ou em suas casas.
Certa noite, após um jantar e muitos whiskys, Franklin aproximou-se da sua cunhada e, longe dos olhares do irmão e de sua esposa, tentou seduzi-la. Ela correspondeu, os dois trocaram carícias e depois voltaram à sala onde estavam George e Madeleine. Alguns dias depois Franklin voltou à carga e convidou Elizabeth para um passeio num iate da família. Ela foi e os dois fizeram sexo a bordo do iate. Depois, naquele mesmo dia, brigaram muito. Discutiram e ela deu parte na polícia contra Franklin por abuso sexual. Não satisfeita, Elizabeth contou tudo o que houve à Madeleine que, ao saber do ocorrido, separou-se de Franklin.
Elizabeth tornou-se a “melhor amiga” de Madeleine e Franklin nunca a perdoou.


Enéas Lour
25 de maio de 2011.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

COMO EU VEJO AS PERSONAGENS... (2)

COMO EU VEJO - PAUL Mc MURRY
Pelo que nos informa Agatha Christie (a autora que está escrevendo a peça que vemos no palco), em sua primeira informação sobre esta personagem, podemos deduzir que Paul é um homem jovem e está bem vestido quando chega a Casa Worchesther acompanhando a advogada Alissa McRoe.
Paul é um sujeito esperto. Usa sua beleza e sua desenvoltura com as palavras para aproximar-se das pessoas, especialmente das mulheres, para aplicar-lhes “golpes”.
É um sedutor e sabe muito bem conduzir uma conversa. Aprendeu esta qualidade oratória na prática, nas ruas de Londres.
Paul tem aproximadamente 30 anos e teve uma infância difícil. Órfão desde muito pequeno, passou sua infância num orfanato. Uma espécie de reformatório, onde se reuniam meninos de várias idades abandonados pelos pais. Quem administrava o orfanato eram pastores protestantes e a disciplina era algo fundamental para eles. Lá, Paul conheceu muitos meninos e outros não tão meninos assim e com eles aprendeu muito da malandragem necessária para sua sobrevivência. Conheceu também um pastor com uma cabeça um pouco melhor que a costumeira, chamado Sebastian O’Neil, um escocês que lhe fez criar gosto pela leitura e pelo jogo de xadrez. Paul aprendeu a importância da lógica e do raciocínio. O pastor Sebastian O’Neil o fez perceber que os outros são manipuláveis.
Quando saiu de lá, com 14 anos, Paul foi viver nas ruas de Londres e ali também conheceu muita gente que o ensinou a “se virar” para sobreviver. Muito inteligente Paul sobressaia-se naquele mundo dominado pela ignorância e brutalidade.
Aos 16 anos deu o seu primeiro “grande golpe” que teve como vítima uma senhora de “mais de 30 anos”, viúva de um militar, chamada Julie Trenton.  Paul aproximou-se dela oferecendo-se para carregar as compras que ela trazia para casa. Ajudou-a. Entrou em sua casa e, logo, em sua vida. Manteve com ela um romance e ganhou roupas, casa e comida. Paul gostou da facilidade de conquistar estas coisas em troca do carinho que a mulher lhe solicitava. Viveu assim por quase dois anos e aos 18 a abandonou e iniciou um romance com outra mulher, mais velha ainda: a Sra. Leona Dereck. Dela conseguiu muito mais: até um carro modelo 1938, que ostentava dirigindo pelas ruas centrais de Londres antes do início da segunda guerra mundial. Tinha uma boa vida, mas, como todos, durante a Guerra Paul também padeceu. Fugiu do alistamento e teve que esconder-se. Madame Dereck foi-se de Londres para Paris e de lá para a Suíça fugindo da guerra com sua família judia e levando todos os seus bens consigo, menos um colar de pérolas que Paul roubou de sua caixa de jóias antes de sua partida. Perdeu até o carro num jogo de cartas numa das madrugadas em que freqüentava os bordéis londrinos. Com a venda do colar sobreviveu um bom tempo, até encontrar Suellen Portgrave, a esposa de um capitão do exército britânico que estava no front enquanto ele dormia com ela em sua casa em Paddington. Dela Paul conseguiu tirar muitos objetos de valor e manteve-se muito bem, por todo o período da guerra aplicando outros golpes, atuando como “detetive”. Esta “personagem” – o detetive – lhe foi muito rentável e ele a assumiu desde então. Ao saber da doença do milionário Harold Worchesther, Paul tentou aproximar-se da filha – Lillyam Worchesther – mas, ela estava fora da Inglaterra, em Paris, e então lhe sobrou abordar uma das empregadas da casa: uma menina de vinte e poucos anos e muita ambição – Janet.
Paul aproximou-se dela numa festa da igreja num afastado subúrbio de Londres. Ali jogou seu charme e facilmente conquistou a atenção de Janet, a filha da governanta. Deu-lhe de presente uma pulseira “de ouro” e um par de sapatos da moda. A menina apaixonou-se logo por ele e os dois tramaram um plano para roubar da Casa Worchesther alguns dos pertences do velho falecido e dos herdeiros que ali se reuniram em breve, conforme lhe disse Janet.
A intenção era levar o máximo possível de jóias e outros objetos de valor, mas, Elizabeth Bankrupt viu Paul entrando na casa e ele foi obrigado a eliminá-la, sem saber que estavam os dois intrometendo-se num plano mais sórdido e sofisticado elaborado pelo Coronel Franklin.
Depois de todos os assassinatos cometidos pelo Coronel é ele quem “paga o pato” pois : o júri condenou por unanimidade a prisão perpétua "O monstro de Worchesther", como ficou conhecido Paul Mc Murry, pelos assassinatos de Elizabeth Banrupt, Lillyam Worchesther, Wesley Worchesther e Mildred e Janet Ballester.”

Enéas Lour
25 de maio de 2011.


domingo, 22 de maio de 2011

COMO EU VEJO AS PERSONAGENS...

Como eu vejo a Lilly


Pelo que nos informa Agatha Christie (a autora que está escrevendo a peça que vemos no palco) esta personagem chama-se Lillyam Muriel Worchesther, tem 25 anos é bonita e se veste com muito bom gosto. É a filha “única” do falecido milionário Harold Worchesther, “única”entre aspas, porque ela assim se considera e assim a platéia a vê no início do espetáculo. Como toda a filha única de famílias aristocráticas, Lilly, como é chamada por seus familiares, é uma jovem que sempre foi mimada com presentes, jóias, viagens, etc...
Nascida em 1922, ela foi educada nos melhores colégios ingleses da época, onde estudou cursos “femininos”, isto é: Artes, Literatura, Etiqueta, etc... Tal formação lhe conferiu uma personalidade requintada e sensível. Recatada, Lilly é a típica jovem aristocrática inglesa do início do século XX. Isto é: comporta-se com elegância, é atenciosa, respeita os mais velhos, é ligada às tradições e bons costumes e à família.
Lilly teve uma infância e tem uma juventude feliz e sempre teve tudo o que quis em termos materiais. Lilly nasceu e sua mãe, Thelma, esposa de Harold Worchesther que sofria de uma grave doença faleceu quando ela tinha apenas 01 ano. Lilly foi criada por Mildred e Harold e durante toda a infância conviveu com Janet, filha de Mildred, que tem quase a mesma idade dela. Só saiu de lá aos 14 anos, quando foi para Londres estudar. As duas meninas, que não sabiam serem irmãs por parte de pai, brincavam juntas e eram amigas e, por isso, Lilly gosta muito de Mildred e de Janet.
Seu relacionamento com Wesley, seu primo, sempre foi eventual, encontraram-se em festas familiares, quando mantinham contato, porém sem serem muito próximos. Wesley é, portanto, um primo distante, pouco conhecido dela.
Com seu tio, Franklin, Lilly sempre se deu bem e ele costumava freqüentar a casa do irmão. Quando vinha até ali, o coronel lhe trazia presentes (bonecas, sapatos, livros, jóias, caixas de bombons, etc...). Os dois eram, portanto, próximos, e Lillyam também gosta muito deste seu tio, em especial. Franklin usava farda e isto era, para Lilly, muito bonito. Ela admira o tio militar.
Ela teve poucos namorados e, um em especial, Jonathan Phittsmoore, usava farda de cadete da marinha inglesa, como seu tio.
Nas visitas que Franklin fazia à Casa de campo Worchesther, ele conversava na biblioteca com seu irmão Harold, o pai de Lilly. Franklin geralmente vinha pedir favores ao irmão, empréstimos, etc... e não raramente os dois discutiam, o que para Lilly era motivo de tristeza e de medo. Não gostava de ver os dois irmãos brigando. Por isso, Lilly sempre foi avessa a discussões e, quando as presencia sente-se ameaçada e isto a incomoda muito.
Sua personalidade sensível a torna frágil no que diz respeito à violência. Tem um senso de justiça muito claro e é uma jovem que busca agir com retidão e caráter. Mildred, com quem conviveu muito, sempre lhe ensinou a agir assim, dentro de bons conceitos cristãos, de justiça e fraternidade, como era normal na educação das “moças de bem” daquela época.
A situação da peça coloca esta personagem no limite de suas forças. Ela é a principal vítima, pois perdeu seu pai e a cada cena vê mais um parente ser eliminado por um assassino desconhecido. O terror desta situação é cada vez maior para ela. A revelação final, quando descobre ser o seu querido tio o assassino é forte demais e ela literalmente “desaba” psicologicamente. Seu mundo-cor-de-rosa desaba com ela. A tragédia instalada não a perdoa e Lilly é assassinada.
Esta é a personagem central da trama de crueldade desta peça. Ela é a personagem com quem a platéia se identifica quando, pouco a pouco, os espectadores vão descobrindo e se surpreendendo, como ela, as tramas dos assassinatos.

Enéas Lour
19 DE MAIO DE 2011.

 ___________________________________________________________

Como eu vejo a Mildred


Pelo que nos informa Agatha Christie (a autora que está escrevendo a peça que vemos no palco), em sua primeira informação sobre esta personagem, podemos deduzir que Mildred é uma pessoa de personalidade marcante, afirmativa, firme, pois só pessoas assim têm o “andar decidido”. Quanto ao “olhar penetrante” podemos deduzir que ela é uma mulher sincera, verdadeira, sem medo das outras pessoas. Uma mulher que deve ter vivido situações fortes em sua trajetória de vida.
Com 60 anos, 40 dos quais passados como governanta da Casa Worchesther, sua experiência de vida, seu universo, seu mundo, se resume ao trabalho dedicado àquela casa, que ela conhece como ninguém.
Podemos imaginar que quando ela chegou ali, em 1906, quando tinha 20 anos, havia uma outra governanta que tomava conta da casa, chamada Fredericka e Mildred era então uma das criadas.
Mildred era uma jovem bonita e os três filhos de seus patrões – Harold, Eric e Franklin – que na época tinham respectivamente 25, 27 e 30 anos vinham passar os verões na casa de campo da família. Harold, o mais velho, já era casado quando a conheceu, Eric e Franklin ainda não.
Mas, Harold é quem se sente mais atraído pela beleza de Mildred, porém, por estar casado com uma mulher com sérios problemas de saúde, chamada Thelma, com quem em 1921, quando ele tinha 45 anos, teve uma filha (Lillyam).
Em 1922, quando Lillyam tinha apenas 01 ano de idade e Mildred tinha 36 anos, Thelma, a esposa de Harold estava muito doente. Foi neste ano que ele e Mildred tiveram um romance, do qual nasceu Janet. Também em 1922, no inverno, Telma faleceu e, desde então, Harold passou a morar com as duas crianças (Janet e Lillyam), Mildred e outros serviçais na Casa Worchesther. A relação dos dois (Mildred e Harold) era formal diante dos demais serviçais da casa e, evidentemente, diante de visitantes esporádicos que passavam pela Casa Worchesther. Só quando estavam sozinhos, entre quatro paredes, esta relação era mais íntima, porém os dois não mantinham relações sexuais. Harold era carinhoso com Mildred, a maneira de um homem do século passado, mas, como aristocrata e com sua formação, não assumiria a relação diante da sociedade, pelo que, como ele diz na carta lida por Mildred em cena, considerava-se um covarde.
Deve ter sido difícil para Mildred conviver com este segredo durante 25 anos. Janet, apesar de receber presentes e até carinho de seu pai, não era tratada exatamente como Lillyam, para que os outros não desconfiassem de nada. Lillyam recebeu educação nas melhores escolas de Londres, Janet não. Lillyam tinha vestidos novos, bonecas, laços, sapatos finos, etc... e alguns destes vestidos e sapatos, depois de usados eram dados à ela por Lillyam. Mildred notava tudo isso e sofria com isso!
Mildred é uma mulher simples e muito religiosa e, por isso, não é vingativa. Nunca lhe passou pela cabeça vingar-se de Harold, ao contrário, ela, como mulher simples e criada dentro dos padrões do início do século XX, é resignada com sua condição e até grata aos Worchesther pelo emprego que tem ali, como governanta.
Certa vez, Harold lhe deu um presente, no dia de seu aniversário : um camafeu de ouro com uma imagem da deusa grega da beleza e do amor: Afrodite, o que ela considerou uma declaração de amor e guardou-o consigo para sempre. Ela o usa sempre em ocasiões especiais para ela e em todos os seus aniversários.
Quando Harold morreu Mildred sofreu muito e teme que os herdeiros a despeçam e que ela tenha que ir embora dali, com sua filha. Sua esperança está na carta que Harold lhe deu e que ela sabe de cor. Mas, é muito difícil para ela expor diante de todos o seu segredo, Difícil se expor diante dos patrões, diante da arrogância de Miss Elizabeth, diante do coronel irmão de Harold e pior, diante de Lilly que para ela é como uma filha. Este momento para ela é muito forte, mas ela o enfrenta como enfrentou tantos outros momentos difíceis em sua vida. Para fazer isto ela se prepara muito. Veste sua melhor roupa, coloca seu chapéu e o seu camafeu. Em seu quarto as malas estão prontas para, se for o caso de a despedirem após a leitura da carta, ir embora dali. Aliás, era isto o que ela estava fazendo (arrumando suas malas) quando não foi abrir a porta para a chegada de Elizabeth e não, como ela disse, tratando dos “afazeres da casa”.
Bem, depois de lida a carta, ela não é demitida e nem expulsa, ao contrário, Lilly a aceita e aceita sua nova irmã. Para ela isto é um alívio. Não foi demitida e ainda ganha a casa como herança. Mildred fica feliz. Sabe que agora terá que ser tratada diferente por todos, como herdeira que é.
Mildred é perspicaz e percebe que sua filha Janet, que sempre teve um gênio forte e alguns recalques pela maneira como foi tratada na infância, pode meter-se em encrencas e tenta fazê-la não falar muito para que não se complique e complique a sua vida, quando a jovem conversa com a advogada, por exemplo, ou quando fala demais dizendo que o coronel, ou Wesley podem ser os assassinos.
Infelizmente, quando finalmente ela teria uma vida mais confortável e segura, Mildred sofre o “acidente” na caixa elétrica que a mata.

Enéas Lour
18 DE MAIO DE 2011.

____________________________________________________

Como eu vejo o Wesley


Pelo que nos informa Agatha Christie (a autora que está escrevendo a peça que vemos no palco), em sua primeira informação sobre esta personagem, podemos deduzir que Wesley é um playboy da época. Um rapaz aristocrata de 26 anos que sempre teve tudo o que quis. Filho único de Eric Worchesther um rico comerciante em Norfolk, no extremo leste da Inglaterra.
Seus pais não tinham muita ligação com o restante da família e Wesley foi criado mantendo esta distância, portanto, ele não tem ligações emotivas fortes com seus parentes.
Como bom aristocrata, Wesley desde criança acompanhou seus pais nas viagens que faziam pelo mundo, tanto a negócios como a passeio. Visitou vários países nessas viagens. Estiveram em vários países da África onde o pai mantinha contatos profissionais e fazia safáris. Visitaram também praticamente todos os museus dos países da Europa e todas as estações de inverno, praticando esqui.
Aos 16 anos Wesley foi para os Estados Unidos da América e ingressou no curso de economia da Chicago University. Sempre foi um aluno relapso e não poucas vezes “adquiriu” resultados de provas, trabalhos escolares, etc... que o fizeram graduar-se como economista, mesmo não tendo o menor interesse por esta área de conhecimentos. Aliás, Wesley tem pouco interesse por qualquer atividade específica excetuando-se aquelas que estejam ligadas ao prazer. Resumindo, Wesley é um hedonista.
Ligado aos esportes finos (críquete; pólo; iatismo; dardos; etc...) e à boêmia, Wesley é um esbanjador de dinheiro, pois, nunca teve que empenhar-se em ganhá-lo com seu trabalho.
Vaidoso, usa roupas caras e da moda. Cuida muito da aparência (cabelos bem penteados, barba com recortes exóticos, cigarrilhas em piteiras, recipientes de prata para o uso de rapé, chapéus, etc...) Considera-se um conquistador e aproxima-se rapidamente de qualquer jovem mulher que cruze o seu caminho com intenções de manter relacionamento sexual com elas.
Esteve na Índia e lá fez um curso de Kama Sutra e, conforme sempre afirma aos amigos nos pubs que freqüenta, é “imbatível” em suas performances eróticas. Um falastrão.
Sua atração por bebidas o aproxima de seu tio, o coronel Franklin que também é chegado num bom copo malte escocês. Os dois se identificam e durante a peça isto fica muito evidente. Quando do aparecimento de um outro jovem bonito (Paul Mc Murry, o detetive) há o enfrentamento entre os dois. Wesley o desafia, o desrespeita como autoridade policial que Paul diz ser, etc...
Nesta peça teatral de suspense existem várias “pistas falsas” colocadas pelo autor e o punhal de prata de Wesley é uma delas. O sumiço dessa arma é um indicativo para a platéia de que ele é o assassino. Como se verá Wesley não era um assassino, apenas um playboy que como todos os outros herdeiros tendo um final trágico, morto por envenenamento.

Enéas Lour
18 DE MAIO DE 2011.

___________________________________________________________


sexta-feira, 20 de maio de 2011

CLIQUE NA IMAGEM PARA AMPLIAR
“UMA NOITE COM AGATHA CHRISTIE”
LISTAGEM DAS PERSONAGENS E ATORES SEGUINDO A ORDEM DE ENTRADA EM CENA
AGATHA CHRISTIE
(A própria autora inglesa)
1.       DULCE FURTADO
LILLY WORCHESTHER
(filha do milionário Harold Worchesther)
2.       MARI HARO
WESLEY WORCHESTHER
(o filho de Eric Worchesther)
3.       MARCO CHIOCCA
CEL. FRANKLIN WORCHESTHER
(irmão de Harold Worchesther)
4.       ZECA CENOVICZ
ELIZABETH BANKRUPT
(a cunhada de Harold Worchesther)
5.       INÊS MACEDO
PENÉLOPE
(a secretária de Elizabeth Bankrupt)
6.       MARIANE P. BRAGA
MILDRED
(a governanta da casa Worchesther)
7.       ANA MARY FORTES
JANET
(uma funcionária da casa, filha de Mildred)
8.       HELENA VEIGA
LAUREN
(outra funcionária da casa Worchesther)
9.       DANIELE TEMPSKI
DRA. ALISSA McROE
(a advogada testamental)
10.   SIMONE NERCOLINI
PAUL Mc MURRY
(o detetive da Scotland Yard)
11.   CARLOS VALENTE
Criação e execução de luz
Beto Bruel e Daniele Régis
Criação e execução de sonoplastia
Enéas Lour e Daniele Régis
Criação e execução de cenários
Enéas Lour e Narbal
Criação e execução de figurinos
Ana Mary, Inês Macedo e Matilde
Vozes (gravações)
Agatha Christie - Dulce Furtado
Harold Worchesther  -  Enéas Lour
Maquiagem 
 Simone Stoiani Nercolini
Cabelos 
 ------------------ ? ------------------


quarta-feira, 18 de maio de 2011

Comentários sobre o exercício realizado ontem no ensaio:

Foi um bom exercício?
Sim.
Porém, eu gostaria de comentar alguns aspectos que acho merecerem destaque e a atenção de todos os atores deste projeto.
Esta peça ("UMA NOITE COM AGATHA CHRISTIE") é um texto que, para resultar num bom espetáculo, deve ser trabalhado em detalhes. Os principais seriam: a construção realista das personagens, especialmente no que diz respeito ao trabalho corporal, à postura de cada uma. Esse trabalho de criação corporal, é fundamental neste início da criação das personagens. No exercício de ontem a maioria dos atores buscou tais comportamentos, alguns com bastante empenho, e os resultados para este primeiro exercício foram bons, mas, evidentemente, essa construção terá de ser aprofundada. Outro ponto ainda não trabalhado diz respeito aos universos de cada uma das personagens, ou seja, suas motivações, suas intenções em cada uma das cenas, em cada diálogo. Para esta construção é preciso que cada ator e atriz construa mentalmente este seu universo. O questionáro que enviei a cada um de vocês contém perguntas que visam abrir portas para esta fantasia, para este universo interno. As respostas servirão para o diálogo entre o diretor e os atores, individualmente, onde será estabelecido quem é e como age e reage cada personagem. Tais "histórias" construídas pelos atores sobre quem é e como age sua personagem fortalecerão os subtextos para tais ações e reações. Evidentemente, o público não terá o conhecimento de tais histórias internas, mas, vocês, como intérpretes estarão mais seguros, mais fundamentados, nas personagens e, por isso, sua atuação estará mais "orgânica", mais integrada às propostas e conteúdos de cada cena.

- Leva tempo para conseguir tornar orgânicos as ações e reações de personagens? 
Sim, leva tempo.

- É preciso mesmo que eu compreenda minúcias da minha personagem, uma vez que essas minúcias não vão ser vistas pela platéia?
Sim, é preciso que você esteja o mais seguro(a) possível sobre as convicções de sua personagem e para isso, mesmo aqueles detalhes "invisíveis" fazem a diferença para uma boa representação.

Tentem criar nas respostas de seus questionários uma histórinha que para você seja significativa. Coloque detalhes nela que, para você sejam interessantes. Detalhes que sejam motivadores de como e por quê sua personagem é do jeito que ela é, age como ela age, reage como ela reage.
Qual o caráter dela?
Quais as intenções dela quando se realciona com as outras personagens?
Que idéia a sua personagem tem sobre as outras personagens?
Por quais delas você sente atração e por quais sente repulsa e por quê você age assim com uma e de outra maneira com outra personagem?
Como reage numa situação estressante como a que estão as personagens - trancadas numa casa, impedidas de sairem e correndo risco de vida? Nessa situação limite, como sua persoangem se defende?
Respondendo perguntas como estas, entre várias outras, nós determinaremos quem é cada personagem e, a partir destes perfis, poderemos construir cada cena com maior propriedade e profundidade.
Estudar o texto não quer dizer decorar o texto.  
Decorar não ajuda em nada neste momento de construção, aliás atrapalha. Estudar o texto pode ser, por exemplo, reformular a maneira como ela (a sua personagem) poderia dizer a mesma coisa que está dizendo numa fala, com outras palavras. Ou, por exemplo, escrever ao lado da fala de outra personagem, o que a sua personagem está pensando quando a outra fala. O que ela está achando da situação, se ela está acreditando no que ouve ou não, etc... etc... etc...

Como vocês podem ver este novo trabalho exige bastante e é muito desafiador, não é?
Mas, é exatamente por isso que é interessante.
Acho que conseguiremos, com empenho, realizar um bom trabalho. Depende apenas de nós, de nossa dedicação, de nosso trabalho.
Um beijo

Até quinta-feira, às 20 horas, no Ivaí.

Enéas Lour