quarta-feira, 25 de maio de 2011

COMO EU VEJO AS PERSONAGENS... (2)

COMO EU VEJO - PAUL Mc MURRY
Pelo que nos informa Agatha Christie (a autora que está escrevendo a peça que vemos no palco), em sua primeira informação sobre esta personagem, podemos deduzir que Paul é um homem jovem e está bem vestido quando chega a Casa Worchesther acompanhando a advogada Alissa McRoe.
Paul é um sujeito esperto. Usa sua beleza e sua desenvoltura com as palavras para aproximar-se das pessoas, especialmente das mulheres, para aplicar-lhes “golpes”.
É um sedutor e sabe muito bem conduzir uma conversa. Aprendeu esta qualidade oratória na prática, nas ruas de Londres.
Paul tem aproximadamente 30 anos e teve uma infância difícil. Órfão desde muito pequeno, passou sua infância num orfanato. Uma espécie de reformatório, onde se reuniam meninos de várias idades abandonados pelos pais. Quem administrava o orfanato eram pastores protestantes e a disciplina era algo fundamental para eles. Lá, Paul conheceu muitos meninos e outros não tão meninos assim e com eles aprendeu muito da malandragem necessária para sua sobrevivência. Conheceu também um pastor com uma cabeça um pouco melhor que a costumeira, chamado Sebastian O’Neil, um escocês que lhe fez criar gosto pela leitura e pelo jogo de xadrez. Paul aprendeu a importância da lógica e do raciocínio. O pastor Sebastian O’Neil o fez perceber que os outros são manipuláveis.
Quando saiu de lá, com 14 anos, Paul foi viver nas ruas de Londres e ali também conheceu muita gente que o ensinou a “se virar” para sobreviver. Muito inteligente Paul sobressaia-se naquele mundo dominado pela ignorância e brutalidade.
Aos 16 anos deu o seu primeiro “grande golpe” que teve como vítima uma senhora de “mais de 30 anos”, viúva de um militar, chamada Julie Trenton.  Paul aproximou-se dela oferecendo-se para carregar as compras que ela trazia para casa. Ajudou-a. Entrou em sua casa e, logo, em sua vida. Manteve com ela um romance e ganhou roupas, casa e comida. Paul gostou da facilidade de conquistar estas coisas em troca do carinho que a mulher lhe solicitava. Viveu assim por quase dois anos e aos 18 a abandonou e iniciou um romance com outra mulher, mais velha ainda: a Sra. Leona Dereck. Dela conseguiu muito mais: até um carro modelo 1938, que ostentava dirigindo pelas ruas centrais de Londres antes do início da segunda guerra mundial. Tinha uma boa vida, mas, como todos, durante a Guerra Paul também padeceu. Fugiu do alistamento e teve que esconder-se. Madame Dereck foi-se de Londres para Paris e de lá para a Suíça fugindo da guerra com sua família judia e levando todos os seus bens consigo, menos um colar de pérolas que Paul roubou de sua caixa de jóias antes de sua partida. Perdeu até o carro num jogo de cartas numa das madrugadas em que freqüentava os bordéis londrinos. Com a venda do colar sobreviveu um bom tempo, até encontrar Suellen Portgrave, a esposa de um capitão do exército britânico que estava no front enquanto ele dormia com ela em sua casa em Paddington. Dela Paul conseguiu tirar muitos objetos de valor e manteve-se muito bem, por todo o período da guerra aplicando outros golpes, atuando como “detetive”. Esta “personagem” – o detetive – lhe foi muito rentável e ele a assumiu desde então. Ao saber da doença do milionário Harold Worchesther, Paul tentou aproximar-se da filha – Lillyam Worchesther – mas, ela estava fora da Inglaterra, em Paris, e então lhe sobrou abordar uma das empregadas da casa: uma menina de vinte e poucos anos e muita ambição – Janet.
Paul aproximou-se dela numa festa da igreja num afastado subúrbio de Londres. Ali jogou seu charme e facilmente conquistou a atenção de Janet, a filha da governanta. Deu-lhe de presente uma pulseira “de ouro” e um par de sapatos da moda. A menina apaixonou-se logo por ele e os dois tramaram um plano para roubar da Casa Worchesther alguns dos pertences do velho falecido e dos herdeiros que ali se reuniram em breve, conforme lhe disse Janet.
A intenção era levar o máximo possível de jóias e outros objetos de valor, mas, Elizabeth Bankrupt viu Paul entrando na casa e ele foi obrigado a eliminá-la, sem saber que estavam os dois intrometendo-se num plano mais sórdido e sofisticado elaborado pelo Coronel Franklin.
Depois de todos os assassinatos cometidos pelo Coronel é ele quem “paga o pato” pois : o júri condenou por unanimidade a prisão perpétua "O monstro de Worchesther", como ficou conhecido Paul Mc Murry, pelos assassinatos de Elizabeth Banrupt, Lillyam Worchesther, Wesley Worchesther e Mildred e Janet Ballester.”

Enéas Lour
25 de maio de 2011.


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