domingo, 22 de maio de 2011

COMO EU VEJO AS PERSONAGENS...

Como eu vejo a Lilly


Pelo que nos informa Agatha Christie (a autora que está escrevendo a peça que vemos no palco) esta personagem chama-se Lillyam Muriel Worchesther, tem 25 anos é bonita e se veste com muito bom gosto. É a filha “única” do falecido milionário Harold Worchesther, “única”entre aspas, porque ela assim se considera e assim a platéia a vê no início do espetáculo. Como toda a filha única de famílias aristocráticas, Lilly, como é chamada por seus familiares, é uma jovem que sempre foi mimada com presentes, jóias, viagens, etc...
Nascida em 1922, ela foi educada nos melhores colégios ingleses da época, onde estudou cursos “femininos”, isto é: Artes, Literatura, Etiqueta, etc... Tal formação lhe conferiu uma personalidade requintada e sensível. Recatada, Lilly é a típica jovem aristocrática inglesa do início do século XX. Isto é: comporta-se com elegância, é atenciosa, respeita os mais velhos, é ligada às tradições e bons costumes e à família.
Lilly teve uma infância e tem uma juventude feliz e sempre teve tudo o que quis em termos materiais. Lilly nasceu e sua mãe, Thelma, esposa de Harold Worchesther que sofria de uma grave doença faleceu quando ela tinha apenas 01 ano. Lilly foi criada por Mildred e Harold e durante toda a infância conviveu com Janet, filha de Mildred, que tem quase a mesma idade dela. Só saiu de lá aos 14 anos, quando foi para Londres estudar. As duas meninas, que não sabiam serem irmãs por parte de pai, brincavam juntas e eram amigas e, por isso, Lilly gosta muito de Mildred e de Janet.
Seu relacionamento com Wesley, seu primo, sempre foi eventual, encontraram-se em festas familiares, quando mantinham contato, porém sem serem muito próximos. Wesley é, portanto, um primo distante, pouco conhecido dela.
Com seu tio, Franklin, Lilly sempre se deu bem e ele costumava freqüentar a casa do irmão. Quando vinha até ali, o coronel lhe trazia presentes (bonecas, sapatos, livros, jóias, caixas de bombons, etc...). Os dois eram, portanto, próximos, e Lillyam também gosta muito deste seu tio, em especial. Franklin usava farda e isto era, para Lilly, muito bonito. Ela admira o tio militar.
Ela teve poucos namorados e, um em especial, Jonathan Phittsmoore, usava farda de cadete da marinha inglesa, como seu tio.
Nas visitas que Franklin fazia à Casa de campo Worchesther, ele conversava na biblioteca com seu irmão Harold, o pai de Lilly. Franklin geralmente vinha pedir favores ao irmão, empréstimos, etc... e não raramente os dois discutiam, o que para Lilly era motivo de tristeza e de medo. Não gostava de ver os dois irmãos brigando. Por isso, Lilly sempre foi avessa a discussões e, quando as presencia sente-se ameaçada e isto a incomoda muito.
Sua personalidade sensível a torna frágil no que diz respeito à violência. Tem um senso de justiça muito claro e é uma jovem que busca agir com retidão e caráter. Mildred, com quem conviveu muito, sempre lhe ensinou a agir assim, dentro de bons conceitos cristãos, de justiça e fraternidade, como era normal na educação das “moças de bem” daquela época.
A situação da peça coloca esta personagem no limite de suas forças. Ela é a principal vítima, pois perdeu seu pai e a cada cena vê mais um parente ser eliminado por um assassino desconhecido. O terror desta situação é cada vez maior para ela. A revelação final, quando descobre ser o seu querido tio o assassino é forte demais e ela literalmente “desaba” psicologicamente. Seu mundo-cor-de-rosa desaba com ela. A tragédia instalada não a perdoa e Lilly é assassinada.
Esta é a personagem central da trama de crueldade desta peça. Ela é a personagem com quem a platéia se identifica quando, pouco a pouco, os espectadores vão descobrindo e se surpreendendo, como ela, as tramas dos assassinatos.

Enéas Lour
19 DE MAIO DE 2011.

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Como eu vejo a Mildred


Pelo que nos informa Agatha Christie (a autora que está escrevendo a peça que vemos no palco), em sua primeira informação sobre esta personagem, podemos deduzir que Mildred é uma pessoa de personalidade marcante, afirmativa, firme, pois só pessoas assim têm o “andar decidido”. Quanto ao “olhar penetrante” podemos deduzir que ela é uma mulher sincera, verdadeira, sem medo das outras pessoas. Uma mulher que deve ter vivido situações fortes em sua trajetória de vida.
Com 60 anos, 40 dos quais passados como governanta da Casa Worchesther, sua experiência de vida, seu universo, seu mundo, se resume ao trabalho dedicado àquela casa, que ela conhece como ninguém.
Podemos imaginar que quando ela chegou ali, em 1906, quando tinha 20 anos, havia uma outra governanta que tomava conta da casa, chamada Fredericka e Mildred era então uma das criadas.
Mildred era uma jovem bonita e os três filhos de seus patrões – Harold, Eric e Franklin – que na época tinham respectivamente 25, 27 e 30 anos vinham passar os verões na casa de campo da família. Harold, o mais velho, já era casado quando a conheceu, Eric e Franklin ainda não.
Mas, Harold é quem se sente mais atraído pela beleza de Mildred, porém, por estar casado com uma mulher com sérios problemas de saúde, chamada Thelma, com quem em 1921, quando ele tinha 45 anos, teve uma filha (Lillyam).
Em 1922, quando Lillyam tinha apenas 01 ano de idade e Mildred tinha 36 anos, Thelma, a esposa de Harold estava muito doente. Foi neste ano que ele e Mildred tiveram um romance, do qual nasceu Janet. Também em 1922, no inverno, Telma faleceu e, desde então, Harold passou a morar com as duas crianças (Janet e Lillyam), Mildred e outros serviçais na Casa Worchesther. A relação dos dois (Mildred e Harold) era formal diante dos demais serviçais da casa e, evidentemente, diante de visitantes esporádicos que passavam pela Casa Worchesther. Só quando estavam sozinhos, entre quatro paredes, esta relação era mais íntima, porém os dois não mantinham relações sexuais. Harold era carinhoso com Mildred, a maneira de um homem do século passado, mas, como aristocrata e com sua formação, não assumiria a relação diante da sociedade, pelo que, como ele diz na carta lida por Mildred em cena, considerava-se um covarde.
Deve ter sido difícil para Mildred conviver com este segredo durante 25 anos. Janet, apesar de receber presentes e até carinho de seu pai, não era tratada exatamente como Lillyam, para que os outros não desconfiassem de nada. Lillyam recebeu educação nas melhores escolas de Londres, Janet não. Lillyam tinha vestidos novos, bonecas, laços, sapatos finos, etc... e alguns destes vestidos e sapatos, depois de usados eram dados à ela por Lillyam. Mildred notava tudo isso e sofria com isso!
Mildred é uma mulher simples e muito religiosa e, por isso, não é vingativa. Nunca lhe passou pela cabeça vingar-se de Harold, ao contrário, ela, como mulher simples e criada dentro dos padrões do início do século XX, é resignada com sua condição e até grata aos Worchesther pelo emprego que tem ali, como governanta.
Certa vez, Harold lhe deu um presente, no dia de seu aniversário : um camafeu de ouro com uma imagem da deusa grega da beleza e do amor: Afrodite, o que ela considerou uma declaração de amor e guardou-o consigo para sempre. Ela o usa sempre em ocasiões especiais para ela e em todos os seus aniversários.
Quando Harold morreu Mildred sofreu muito e teme que os herdeiros a despeçam e que ela tenha que ir embora dali, com sua filha. Sua esperança está na carta que Harold lhe deu e que ela sabe de cor. Mas, é muito difícil para ela expor diante de todos o seu segredo, Difícil se expor diante dos patrões, diante da arrogância de Miss Elizabeth, diante do coronel irmão de Harold e pior, diante de Lilly que para ela é como uma filha. Este momento para ela é muito forte, mas ela o enfrenta como enfrentou tantos outros momentos difíceis em sua vida. Para fazer isto ela se prepara muito. Veste sua melhor roupa, coloca seu chapéu e o seu camafeu. Em seu quarto as malas estão prontas para, se for o caso de a despedirem após a leitura da carta, ir embora dali. Aliás, era isto o que ela estava fazendo (arrumando suas malas) quando não foi abrir a porta para a chegada de Elizabeth e não, como ela disse, tratando dos “afazeres da casa”.
Bem, depois de lida a carta, ela não é demitida e nem expulsa, ao contrário, Lilly a aceita e aceita sua nova irmã. Para ela isto é um alívio. Não foi demitida e ainda ganha a casa como herança. Mildred fica feliz. Sabe que agora terá que ser tratada diferente por todos, como herdeira que é.
Mildred é perspicaz e percebe que sua filha Janet, que sempre teve um gênio forte e alguns recalques pela maneira como foi tratada na infância, pode meter-se em encrencas e tenta fazê-la não falar muito para que não se complique e complique a sua vida, quando a jovem conversa com a advogada, por exemplo, ou quando fala demais dizendo que o coronel, ou Wesley podem ser os assassinos.
Infelizmente, quando finalmente ela teria uma vida mais confortável e segura, Mildred sofre o “acidente” na caixa elétrica que a mata.

Enéas Lour
18 DE MAIO DE 2011.

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Como eu vejo o Wesley


Pelo que nos informa Agatha Christie (a autora que está escrevendo a peça que vemos no palco), em sua primeira informação sobre esta personagem, podemos deduzir que Wesley é um playboy da época. Um rapaz aristocrata de 26 anos que sempre teve tudo o que quis. Filho único de Eric Worchesther um rico comerciante em Norfolk, no extremo leste da Inglaterra.
Seus pais não tinham muita ligação com o restante da família e Wesley foi criado mantendo esta distância, portanto, ele não tem ligações emotivas fortes com seus parentes.
Como bom aristocrata, Wesley desde criança acompanhou seus pais nas viagens que faziam pelo mundo, tanto a negócios como a passeio. Visitou vários países nessas viagens. Estiveram em vários países da África onde o pai mantinha contatos profissionais e fazia safáris. Visitaram também praticamente todos os museus dos países da Europa e todas as estações de inverno, praticando esqui.
Aos 16 anos Wesley foi para os Estados Unidos da América e ingressou no curso de economia da Chicago University. Sempre foi um aluno relapso e não poucas vezes “adquiriu” resultados de provas, trabalhos escolares, etc... que o fizeram graduar-se como economista, mesmo não tendo o menor interesse por esta área de conhecimentos. Aliás, Wesley tem pouco interesse por qualquer atividade específica excetuando-se aquelas que estejam ligadas ao prazer. Resumindo, Wesley é um hedonista.
Ligado aos esportes finos (críquete; pólo; iatismo; dardos; etc...) e à boêmia, Wesley é um esbanjador de dinheiro, pois, nunca teve que empenhar-se em ganhá-lo com seu trabalho.
Vaidoso, usa roupas caras e da moda. Cuida muito da aparência (cabelos bem penteados, barba com recortes exóticos, cigarrilhas em piteiras, recipientes de prata para o uso de rapé, chapéus, etc...) Considera-se um conquistador e aproxima-se rapidamente de qualquer jovem mulher que cruze o seu caminho com intenções de manter relacionamento sexual com elas.
Esteve na Índia e lá fez um curso de Kama Sutra e, conforme sempre afirma aos amigos nos pubs que freqüenta, é “imbatível” em suas performances eróticas. Um falastrão.
Sua atração por bebidas o aproxima de seu tio, o coronel Franklin que também é chegado num bom copo malte escocês. Os dois se identificam e durante a peça isto fica muito evidente. Quando do aparecimento de um outro jovem bonito (Paul Mc Murry, o detetive) há o enfrentamento entre os dois. Wesley o desafia, o desrespeita como autoridade policial que Paul diz ser, etc...
Nesta peça teatral de suspense existem várias “pistas falsas” colocadas pelo autor e o punhal de prata de Wesley é uma delas. O sumiço dessa arma é um indicativo para a platéia de que ele é o assassino. Como se verá Wesley não era um assassino, apenas um playboy que como todos os outros herdeiros tendo um final trágico, morto por envenenamento.

Enéas Lour
18 DE MAIO DE 2011.

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